sábado, 31 de julho de 2010

Solo: o aparelho mais desafiador do estúdio de Pilates.


Oi pessoal!
Estive conversando esses dias com uma amiga extremamente conhecedora de Pilates e discorrendo sobre as diferença entre Pilates MAT e a utilização das máquinas. Pouco tempo depois contando a história para outra amiga também da área, acrescentamos mais elementos para a filosofia.

A primeira idéia foi a seguinte: para cidadãos comuns, alunos que acabam de chegar, muitas vezes o solo impõe o duro encontro com suas limitações.
É claro que deitar no solo é receber o maior toque proprioceptivo possível, mas, quando temos uma posição inicial que exige sentar de pernas cruzadas, ou pior, com as pernas estendidas...ai, ai! Complicou.

O solo denuncia as limitações articulares, os encurtamentos musculares, a dificuldade de manter uma posição confortável. Afinal, de maneira geral, o solo é um ambiente estranho e árido. Não costumamos utilizar esse local no trabalho, no carro, no cinema, em casa. Vivemos num mundo de cadeiras, sofás, camas.

A máquina, nesse sentido, facilita muito!

Todas elevam o centro de gravidade: Reformer, Trapézio, Cadeira e até mesmo o spine corrector, tiram o aluno do chão e facilitam o encontro do apoio dos ísquios, da coluna neutra, facilitam a entrada e saída da posição deitada.
Outro elemento: imagine um leg circle no solo e o mesmo gesto no exercício Leg Spring Series.

A máquina dá assistência através da tensão das molas. Ela permite que você experimente sensações articulares que, para um iniciante no método, não seriam alcançadas. Leg circles exigem uma combinação entre boa capacidade de estabilização, alongamento e consciência da articulação para que seja possível relaxa-la permitindo o deslizamento da cabeça do fêmur no acetábulo.

Finalmente, associando a assistência à possibilidade de posições (e sensações) inusitadas. Imaginemos a Torre (Tower) no Trapézio. É um exercício que permite a muitos alunos experimentarem fazer uma vela através do apoio dos pés na barra torre e, com isso, sentir a descarga de peso na torácica alta. Sensações que trazem consciência corporal e que, dificilmente, seriam possíveis sem a assistência da barra torre com molas.

Mesmo se pensarmos em termos de evolução, de aumento de desafio, de maneira geral os exercícios mais desafiadores nas máquinas exigem um grande incremento de coordenação motora - imagine um Swan (Golfinho com molas), o Side Splits no Reformer com movimentação de tronco, um Circulo do Sol (variação do Seated push trough no Trapézio).
Quando pensamos no Solo, outros elementos serão muito exigidos além da coordenação: força, flexibilidade! Pensemos num Side Lift, num Swan Dive, num Boomerang.

Podemos pensar que, em muitos casos, o MAT é como um aparelho cujo repertório é mais desafiador.

Talvez por isso seu sucesso e proliferação nas academias!

É isso aí!O que vocês me dizem?

Beijo a todos!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Curso: Aprofundamento em Pilates

Olá pessoal!

No final de semana de 07 e 08/08, logo agora, vou ministrar, aqui em São Paulo, um curso de um final de semana para um grupo reduzido de professores de Pilates que me solicitaram essa programação.
Serão apenas oito vagas das quais cinco já estão preenchidas.
Por gentileza divulguem para seus colegas de Pilates para saber se há interesse.
Para maiores informações escrevam para mim no silgomes@terra.com.br

O programa é o seguinte:

APROFUNDAMENTO EM PILATES:

FOCO NA ATUAÇÃO DO PROFESSOR


Objetivo: através do estudo e da prática orientada de uma série de exercícios do repertório de Pilates, compreender qual a ênfase de cada exercício e garantir que, através de toques tácteis, dicas verbais e imagens, o professor seja capaz de levar o aluno a vivenciar plenamente os objetivos a ele propostos.


Conteúdo:

Respiração tridimensional eficiente.

Ativação consciente do assoalho pélvico.

Alongamento axial efetivo.

Estudo das estabilizações da coluna neutra nos diversos decúbitos .

Estudo da mobilização da coluna em todos os planos (extensões, flexões, rotações).

Estudo das dissociações de MMII e MMSS bem como trabalho de força.

Circuito de exercícios praticando todos os elementos estudados como aluno e como professor.



Beijo, Silvia.



quarta-feira, 21 de julho de 2010

Movimento não tem dono!

Hoje eu estava orientando algumas pessoas em sessões de fotos do nosso assunto preferido. Na realidade estou dando uma assessoria para uma edição que será publicada pela mesma editora que publica a Revista Oficial de Pilates, a Editora On LIne. Será chamado “O Grande Livro de Pilates”.

O livro terá seu conteúdo composto por vários olhares, pois cada profissional está sendo solicitado a selecionar cerca de 4 ou 5 exercícios em um determinado aparelho.
Essa diversidade me deu a oportunidade de entrar em contato com diversos profissionais: fisioterapeutas, bailarinos, professores de Educação Física e, entrando também em campo, Terapeutas Ocupacionais.

Eu ADORO essa diversidade!

Fiz faculdade de Terapia Ocupacional por dois anos na USP, nos idos de mil novecentos e oitenta e argolinhas e, quando fui para a Educação Física na UNICAMP, nem precisei passar perto do laboratório de Anatomia. Tinha tido durante um ano, três tarde inteiras de Anato por semana, em laboratório, e mais 6 meses de Neuroanatomia, também em laboratório. Consegui equivalência imediata.
Eu gosto dessa idéia de que o Pilates cria uma zona comum de trabalho aonde a interdisciplinaridade pode acontecer de maneira extremamente intensa e enriquecedora.
O Método Pilates é uma ferramenta que carrega em si uma mescla de conhecimentos. Joseph Pilates estudou Anatomia, Fisiologia, se inspirou em movimentos da Yoga, Artes Marciais, trabalhou intensamente com bailarinos.

Na sessão de fotos de hoje uma moça me viu executando um exercício e disse: “ Isso é Ballet !“, no que eu respondi – “Movimento não tem dono”.
Tem uma cena no filme O Carteiro e o Poeta, em que o poeta Pablo Neruda, surpreendido com o carteiro por este ter utilizado uma de suas poesias com a namorada, lhe diz: “ Essa poesia é minha!”

No que o carteiro retruca: “ Poesia não tem dono, poesia é de quem precisa dela.”
Quando damos um chute no ar não estamos, necessariamente, lutando Karatê, estamos flexionando o quadril e estendendo a perna no ar.

Quando fazemos um gesto fluido não estamos fazendo Ballet, estamos nos movendo de maneira organizada e harmônica.

É assim que eu vejo o movimento, sem dono, de quem precisar dele, de quem executá-lo.
De certa forma o Pilates também: ferramenta preciosa que deve ser estudada, praticada e utilizada com critério, por todos aqueles que tenham base e competência para tal.

Sei que o assunto é um tanto polêmico, o que vocês acham?

Beijo, Silvia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Revista Oficial de Pilates nº4: MAT x Estúdio

Olá pessoal!

Saiu a Revista Oficial de Pilates num 4.
Para lavar a alma da num 3 que saiu com vários erros de revisão, a 4 veio super bacana!
Saiu uma matéria sobre Corredores, feita pela Regiane Navarro, uma muito bonita sobre ativação abdominal com várias sugestões interessantes, com acessórios diversificados, chamada "Cintura Fina", feita pelo pessoal da Império Pilates, uma outra bacanérrima com a jump board (inclusive com exercícios para braços) e uma sobre utilização super criativa das bolas em geral ("Ora Bolas") feita pela Cris Abrami do CGPA.
Como não podíamos dixar de participar, saiu uma da nossa equipe comparando Pilates Mat e Pilates Estúdio.
A autoria ficou como exclusiva minha mas, na realidade, a Alice Becker deu uma boa revisada nos textos, tanto introdutório como descritivo.
Inclusive eu fui chamada pela assessoria de imprensa da Physio Pilates, para participar.

Bem, esclarecida a autoria, segue uma palhinha da matéria abaixo.
Quem quiser ver completa... já está nas bancas!
Cliquem nas fotos para ampliar!

domingo, 4 de julho de 2010

Princípio da Concentração: "É a própria mente que constrói o corpo" (J. Pilates)

Olá pessoal!

Estou certa de que todos vocês já se deram conta de que existe hoje uma diversidade de formas de se aplicar o método Pilates e, dando suporte a isso, diversas leituras que são feitas do método.

Encontramos, por um lado, o Pilates Clássico, desenvolvido com excelência através de escolas como The Pilates Studio e Power Pilates, que desenvolvem o método seguindo o ensinamento de Joseph Pilates à risca: nomes, exercícios, sequências de aulas, etc. e, com certeza, obtendo grande sucesso.

De outro lado, mas não em conflito, encontramos escolas como a Physio Pilates, Stott Pilates, CGPA, Physicalmind Institute entre outras, que recebem a denominação de Pilates Evolved. Ensinam, também, o repertório de exercícios de Joseph, respeitando seus princípios, porém fazem uma releitura de alguns elementos baseando-se nas pesquisas científicas mais atualizadas. Além disso, propõem novos repertórios seguindo os mesmos ideais e buscando os mesmos objetivos do método tradicional.

Além destas, existem inúmeras outras escolas desenvolvendo o método de acordo com sua forma de interpretá-lo.
Ao longo dos meus anos de prática e com a feliz oportunidade de ter tido acesso à diversas escolas, tanto através de cursos quanto de aulas, eu fui criando o meu próprio olhar, fazendo a minha leitura.

Vocês conhecem muito sobre ela através dos posts do blog, pois faz parte da minha visão, tanto de Pilates quanto de mundo, compartilhar conhecimento. E a minha tendência, sem dúvida, é a do Pilates Evolved, ainda que eu adore fazer uma boa aula de Clássico.

Mas por que o Evolved?
Eu acredito, como professora de movimento, que a possibilidade de adaptarmos, através de modificações diversas, o vasto repertório de Pilates, bem como associá-lo a diversas outras técnicas, nos permite ampliar muito o público alvo e atender a um número muito maior de objetivos. E podemos fazer isso sem descaracteriza-lo.

Da mesma forma, aplicando adaptações e utilizando associações, eu vejo os princípios de uma forma bastante pessoal. Para que possamos reorganizar nosso movimento, nos primeiros momentos, primeiras aulas de Pilates, o princípio da concentração é uma chave fundamental.
A fluidez virá com mais força depois.

Como desenvolvo no post http://pilatespaco.blogspot.com/2009/07/praticar-pilates-fazer-o-download-de.html é preciso que estejamos atentos, despertos aos pequenos gestos, alertas ao que diz nosso aluno, para que possamos, como instrutores, indicar caminhos que permitam ao aluno efetuar pequenas mudanças motoras que abrirão os novos caminhos de movimento.

O Dr. Paul Hodges e a equipe de australianos estudiosos de estabilização da coluna lombar através da boa utilização do CORE, ensina em seus cursos a ativação específica de músculos difíceis de serem acionados conscientemente, por terem alavancas mínimas sendo músculos estabilizadores. Ele estimula que as pessoas com lombalgias, por exemplo, aprendam a ativar, inicialmente, grupos como multífidos, transverso do abdome, ativação eficiente do diafragma respiratório e pélvico para depois, pouco a pouco, associar essas ações a gestos motores maiores, funcionais.

Quando falo na ênfase à concentração, volto a falar na descoberta do prazer dos deslizamentos, dos locais aonde os ossos se articulam, das primeiras camadas musculares (músculos locais) que envolvem as articulações e, ao mesmo tempo, são capazes de criar os mínimos espaços (decoaptações) que permitem os deslizamentos e a consciência sobre eles. Aplicar este pensamento as vértebras, por exemplo, já nos remete a um outro princípio, o do alongamento axial.

É claro que a fluidez, o alongamento axial, a respiração, são todos necessários no início, mas se fossemos dar porcentagens de importância aos diversos princípios, a concentração no começo do trabalho de Pilates é o que garante que iremos desenvolver controle sobre o nosso corpo até para, posteriormente, fluirmos com segurança. É a etapa que, na aquisição de habilidades motoras avançadas, seria a do incompetente inconsciente que passa a ser incompetente consciente e, em seguida competente consciente.

A concentração garante a ativação do CORE (power house), a concentração garante que iremos nos propor uma forma diferente de respirar, ainda que em seguida nos programemos para colocar esta descoberta de movimento intercostal e diafragmático num novo ritmo. E que este ritmo se torne o mais natural possível. É como se ela regesse os novos acontecimentos.

"É a própria mente que constrói o corpo", frase de Joseph Pilates.

É preciso estar ali, em cada pequena mudança de gesto, em cada nova sensação, em cada desligar de ombros e maxilares .

Depois, quanto mais eficazes nos tornamos, novos caminhos construídos, ou em construção, a fluidez, sem dúvida passa um rasteira na concentração. Ela já não é mais tão necessária, pois já estamos num momento corporal mais inteligente. A organização é outra e não temos mais que prestar tanta atenção para alcança-la, torna-se natural.
Chegamos aqui à última etapa da aquisição de habilidades motoras avançadas: a do competente inconsciente.

Obviamente não estou falando que nossas primeiras aulas devam ser paradas: estamos falando aqui de aulas de Pilates, com repertório, com fluidez, com tudo que temos direito, mas, na minha maneira pessoal de desenvolver o método, fica claro que existem fases.
E no início acreditamos que existe uma sugestão de movimento e uma dica, a qual depois se somará outra dica, de atenção específica ao gesto que se realiza.
É uma construção, ou ainda uma reconstrução, gerida pela mente.

É isso aí, o que vocês acham?
Beijos, Silvia.
Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..