quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Isabela Silveira e Nuria Vives: para poucos!!

Oi pessoal!

Quero indicar dois eventos maravilhosos.

O primeiro é uma série de aulas com Isabela Silveira Moody, da equipe da Physio Pilates que trabalha com o Workshop Coluna Viva.

São aulas dinâmicas, com um repertório diferenciado do tradicional, com foco na mobilidade da coluna.
As aulas serão na Biotipo Pilates, Centro de Treinamento da Physio aqui em Sampa.





O outro é um curso mais longo com a parceira da Blandine-Calais , Núria Vives.

Um curso de Anatomia e Preparação ao Parto inacreditável. Oportunidade única considerando que elas, geralmente, só dãom esses cursos na Espanha!!

Serão 8 dias em fevereiro no Uruguai a preço super possível. As passagens para lá também andam muito acessíveis.

Informações pelo montevideo@santamonica.com.uy

Beijo grande, Silvia.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Alongamento organizado? Fique de olho na pelve!

Olá pessoal!

Este mês estive dando o curso de Pilates na Gestação em Porto Alegre para uma turma muito concentrada e motivada. Quando nos deparamos com grupos assim, o trabalho fica muito mais rico pois acontece uma troca efetiva de conhecimento.
Cheguei mais cedo na cidade e fui visitar o estúdio SC Pilates de Silvana e Carine que desenvolvem um trabalho excelente há cerca de 5 anos no centro de POA.
Enquanto conversávamos tive a oportunidade de ficar observando as professoras de sua equipe em ação e, sempre que tenho essa oportunidade, acabo tendo alguns insights produtivos.
A percepção que tive desta vez foi sobre que o instrutor pode focar o olhar na posição da bacia do aluno, como estratégia para facilitar a organização postural nos alongamentos plásticos.

Foi a partir daí que apareceu a idéia do post anterior sobre alongamento e organização. Recebi sete comentários e, a partir deles, desenvolvi este aqui. Vamos lá!

A idéia é, simplesmente, observar como está a pelve na posição escolhida e buscar sempre mantê-la alinhada, numa relação de neutralidade com a coluna.
Vamos ver o primeiro caso do slide show da postagem, anterior: estamos de frente para o barril, costas para a escada, uma perna firme no solo e o outro quadril flexionado com a perna apoiada à frente com joelho estendido para um alongamento de isquiotibiais. A intenção é afastar as inserções dos músculos ou seja, fazer uma oposição entre ísquios e tíbia. Neste caso, e sempre que a intenção for alongar, é importante que fixemos um ponto da inserção muscular enquanto procuramos afastar o outro. Vamos escolher o tronco como ponto fixo neste caso, mantendo a pelve neutra, para fixarmos o ísquio.
Imagine que a bacia/pelve está cheia d´água e você quer deixá-la em pé, como se os ísquios fossem (e são) sua base, sem derramar nenhuma gota d´água. A idéia de mandar o fêmur para dentro sempre ajuda, afinal, se o fêmur começar a projetar para frente arrastará a pelve (que arrastará o sacro-coluna) junto. Desta forma é uma boa opção solicitar ao aluno que “sinuque” para dentro para fixar a pelve aumentando a congruência articular.

Se o aluno não tem alongamento suficiente para alcançar a posição escolhida, a bacia, através da inserção muscular, é arrastada pelo músculo. Como temos a tendência de manter a cabeça numa posição neutra, vamos deduzir o que tende a acontecer com a coluna nesse arrastar: se o aluno está com a cabeça e cervical na vertical e a pelve em retroversão e elevada lateralmente, obviamente minha coluna esta numa posição bastante desorganizada e os discos sendo sobrecarregados enquanto a cabeça continua mantendo sua vertical.

A opção para organizar seria colocar a perna numa posição mais baixa do tamanho possível para o músculo ser alongado permitindo a oposição: no caso optamos pelo banquinho sob a perna da base.

Quando virarmos o corpo para fazer alongamento dos adutores, novamente devemos pensar em mandar o fêmur para dentro pois, mais uma vez , tentaremos manter a pelve bem colocada no ar, "em pé", com todo a água dentro dela. A grande tendência, pelo próprio encurtamento, é a pelve subir na direção da perna sendo arrastada pelos adutores derramando água.
Nesse caso vale estimular o aluno a trazer a pelve de volta para o lugar posicionando-a encaixada em cima da perna da base com os dois isquios alinhados.
Estimule ao aluno a relaxar o assoalho pélvico para deixar que sua musculatura alongue pois o isquio da perna que estamos alongando precisa se afastar do outro permitindo a subida da perna. Existe movimento na pelve, mas é um movimento interno dos ísquios que se afastam de forma sutil e gera na articulação sacro ilíaca, especialmente do lado que está sendo alongado, uma pressão suave (lembrar que estamos falando de uma cadeia fechada). Mas a idéia é que a pelve, como estrutura única, fique colocada no ar como se estivesse em pé, apoiada sobre uma mesa, ou banco, com ísquios (sitz bones) alinhados.

Procurem também estimular o aluno a manter a coluna alongada e neutra. A idéia de flexionar a coluna para frente, na intenção de alongar mais os ísquiotibiais, até pode promover esse efeito, mas por um caminho meio torto: eu flexiono todas as minhas vértebras para que uma puxe a outra e, finalmente, a ultima (L5-S1) puxe o sacro que, por sua articulação nos ilíacos, tracione a pelve que, por conseqüência, fará os ísquios irem mais para trás.....aff!

É mais eficaz, simplesmente, tracionar os ísquios para trás com uma suave e efetiva ação dos eretores espinhais que, nesse momento, tem toda a tendência à desistirem de sua ação (de garantir a coluna neutra, ou seja, manter a lordose lombar) permitindo a retificação. Desta forma a coluna neutra estará garantida, assim como o alongamento axial e manutenção dos discos espaçosos e livres de sobrecargas.

Sempre é possível associar movimentos, cadeias musculares, etc. Mas ter clara a consciência do que está sendo feito, qual o objetivo do exercício / postura é fundamental. Nos exercícios de alongamento plástico é preciso estar parado, respirando e, de preferência, encontrando um relaxamento para que o alongamento ocorra. Afinal qual era o objetivo mesmo: alongar isquiotibiais ou mobilizar a coluna em flexão?


Uma última colocação em relação aos comentários que recebi na postagem anterior sobre alongamento: o banquinho e os acessórios realmente ajudam muito, permitindo como que um prolongamento dos nossos membros. Se o aluno está deitado e queremos que ele mantenha a coluna neutra fazendo oposição entre isquios e tíbia mas, justamente os isquiotibiais estão encurtados não permitindo que o aluno fique numa posição relaxada, a tendência é que ele utilize os flexores do quadril para manter a posição. A theraband ou o flex entram como assistência proporcionando a chegada da a ação das mãos no membro inferior para que haja relaxamento.
No entanto se o alongamento do aluno for muito bom, mesmo no caso dos isquiotibiais no barril, a perna pode subir até o nariz sem que haja necessidade de banquinho ou acessório de qualquer espécie.

É isso aí, vamos alongar!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Alongamento: o que caracteriza a desorganização?

Olá pessoal!
Quero propor um desafio para que possamos treinar nosso olhar sob a organização de movimento.
Observem com calma esse slide show.
Ele apresenta 4 exercícios de alongamento de MMII em situações diversas: em pé, deitado, sentado.
Cada um deles aparece em duas versões, duas fotos semelhantes.
Quero que vocês me digam qual versão acham a mais adequada, se a primeira ou a segunda e por que.
Qual elemento caracteriza a desorganização?




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pilates e os gordinhos: uma relação possível !

Olá pessoal!

Recebi o comentário abaixo de uma seguidora aqui do blog, a Claudia Moscardini. Foi um ótimo comentário porque coincidiu com algumas idéias que vem passeando na minha cabeça depois que adquiri o livro Abdominales sin Riesgo , da Blandine Calais (La Liebre de Marzo).

Oi silvia, voce trabalha com alunos(as) " gordinhos(as)"?
Em todos os meus estágios raríssimas pessoas estavam acima do peso...
No meu estúdio atendo bastante os over weigth...e constato a dificuldade em todos os exercícios,chego a pensar que pilates não "combina" com estes clientes. Help me?????


Desde sempre recebemos alunos gordos para as aulas de estúdio. A primeira coisa que devemos considerar é de que tipo de gordura estamos falando. Geralmente, encontramos dois tipos de depósito de gordura: subcutânea abdominal e tecido adiposo visceral. O primeiro diz respeito às pessoas que tem a gordura acumulada na pele, formando aquelas dobras grossas e o segundo são aquelas pessoas com o abdome inflado por dentro, a pele e musculatura abdominal tracionadas pelos órgão internos gordos, semelhante ao biotipo que apresenta a mulher que está gestando.

Vale lembrar que, em ambos os casos, estamos falando de tecido adiposo, órgão dinâmico que secreta vários fatores, denominados adipocinas. Eles estão relacionados, direta ou indiretamente, em processos que contribuem na aterosclerose, hipertensão arterial, resistência insulínica e diabetes tipo 2, dislipidemias, ou seja, representam o elo entre adiposidade, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares. Na obesidade, os depósitos de gordura corporal estão aumentados, apresentando conseqüente elevação na expressão e secreção das adipocinas, proporcionalmente ao maior volume das células adiposas.
Em relação às aulas de Pilates haverá modificações importantes em ambos os casos.

Vamos pensar juntos:

No aluno com gordura subcutânea, sua sensação de movimento fica modificada em relação à propriocepção articular, que se depara com uma limitação de adm (amplitude de movimento) imposta pela própria gordura (sensação parecida com a de quando estamos em algum lugar muito frio e nos cobrimos de grossos casacos que nos impedem de dobrar como poderíamos sem esse entrave).
A sensação aferente dada pelo meio nas descargas de peso (sacro, trocânter, escápulas, ísquios) também fica alterada, visto que seus pontos de apoio estão “acolchoados” tirando a nitidez destas sensações, o que dificulta a importante clareza da posição inicial.

Para o professor o desafio também estará presente, já que a condução dos toques tácteis se dá, basicamente, pela colocação e direcionamento das mãos nos ossos e músculos (quando queremos sugerir mais ativação ou afrouxamento). Além disso o próprio olhar sobre o aluno terá de ser mais aguçado, já que seu esqueleto não estará tão visível devido à gordura.

Mas até aqui não estamos falando de nada que impossibilite a prática de Pilates. O fato de estar algo mais difícil não significa, em momento nenhum, nada que passe perto de desistirmos da prática. Teremos que, como instrutores, aguçar nosso olhar e estimular no aluno a busca de suas sensações diante de seu corpo como está. Afinal é com este ser corpo que ele convive neste momento e é através dele que se move e se posiciona em todas as suas funções cotidianas.
Vale encontrar sempre posições confortáveis e, na medida do possível, propor aulas dinâmicas e fluidas que contribuam, além da conscientização corporal e organização intrínsecas no método, com o aumento do gasto calórico.
Em relação ao aluno com sobrepeso relacionado a gordura visceral, além dos elementos já citados, é importante lembrar que sua musculatura abdominal está tracionada. Oblíquos e transverso tracionam suas aponeuroses que se encontram na linha alba, estimulando a diástase e, conseqüentemente, possíveis hérnias na linha média do abdome.
Estas hérnias se formam quando há saída de tecido
adiposo, ou de parte do peritôneo, através de um orifício enfraquecido na zona do tecido
conjuntivo, que se estende desde o tórax até à púbis e aonde se inserem os músculos rectos do abdómen, a denominada linha alba.
Desta forma quando vamos lidar com esse tipo de aluno os cuidados devem ser maiores. Nesse caso a limitação de movimento diz mais respeito à mobilidade do tronco (coluna, caixa torácica) que se encontra sobre grande pressão interna.
É importante sempre colocar o aluno em posições confortáveis (pode ser incômodo deitar em decúbito ventral por exemplo para extensões) e evitar trabalho abdominal intenso.

Minha sugestão é que a musculatura abdominal deve atuar, basicamente, em sua função estabilizadora e de conexão, mas não ter momentos da aula para seu fortalecimento específico. A aposta maior deve ser no reto abdominal (que tem sua colocação vertical e não tyraciona fáscias) garantindo a relação eficiente entre costelas e bacia, evitando a anteroversão da pelve.

O trabalho de mobilidade da coluna deve ser suave, com foco na musculatura profunda (por exemplo rotadores da coluna profundos e não rotadores do tronco – oblíquos). Cada vez que for realizado um movimento grande de rotação ou flexão estará havendo um grande tracionamento das fáscias e, consequentemente, da linha alba.

De maneira geral vale mais apenas apostar nos exercícios de dissociação de MMII e MMSS com estabilização da coluna para, mais uma vez, estimular, além da organização, algum gasto calórico. Costumo dizer que o Pilates emagrece mais pela mudança que os alunos experimentam na relação com seu corpo do que no gasto calórico propriamente dito, mas ele existe e deve ser incrementado com uma aula fluida e ativa.

É isso aí! O que vocês me contam de experiências com gordinhos?

Fontes:
Abdominales sin Riesgo, Blandine Calais-Germaisn, Editora La Liebre de Maroz, 2010 (incluindo imagens)
Gordura visceral, subcutânea ou intramuscular: onde está o problema?
Helen H.M. Hermsdorff; Josefina B.R. Monteiro
Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa – UFV, Viçosa, MG
Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..